terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Recesso


Nosso Asé entrará em recesso até o dia 24 de Janeiro devido as festas de final de Ano. Retornaremos com Toque para o Orixá Oxossi. Desejamos a todos os amigos um Feliz Natal e Um Ano Novo cheio de Paz, Saúde e Prosperidade!!!

Aséoooooooooooooooooo

terça-feira, 30 de setembro de 2014

30 de Setembro - dia de São Jerônimo - Xangô Agodô

"Se um dia me faltar, a fé em meu Senhor
Que role essa pedreira sobre mim"

Hoje é dia 30 de Setembro e aí vai uma singela homenagem a este santo que é sincretizado com Xangô Agogo / Agodo / Ogodo: Muito violento, inclinado a dar ordens e a ser obedecido, foi ele quem raptou obá. Come com Yemanjá. Neste caminho; Xangô segura dois Oxês (machados). Sendo o seu èdùn àrà composto de dois gumes e é originário de Tapá. É aquele que, ao lançar raios e fogo sobre seu próprio reino, o destrói.

Quando os primeiros africanos chegaram ao Brasil, tiveram o seu culto religioso proibido pelos portugueses. Para se adaptarem, eles fundamentaram a relação entre os santos católicos e as entidades do candomblé, o que é chamado de sincretismo religioso. 
Essa relação entre os santos católicos e as entidades do candomblé foi uma forma que os africanos, que vieram para o Brasil como escravos, encontraram para driblar os senhores de engenho e continuar realizando seus rituais sem perseguições.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

27/09 - Homenagem a Cosme e Damião




ASÉ ALADÒ ALÁ MORÉRÈ tem a honra de convidar a todos para homenagear Cosme e Damião, no dia 27/09/2014, às 16 horas! 

Esperamos todos lá: Rua Itaguai, 10 – Iguabinha - RJ.

27/09 - Salve Cosme, Damião e Doum





São Cosme e São Damião são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência também são invocados como protetores das crianças
.
  Como acontece com tantos outros santos, a vida dos santos gêmeos está mergulhada em lendas misturadas à história real. Segundo algumas fontes eles eram árabes e viveram na Cilícia, às margens do Mediterrâneo, por volta do ano 300. Praticavam a medicina e curavam pessoas e animais, sem nunca cobrar nada, motivo pelo qual eram chamados de anárgiros, ou seja, aqueles que não são comprados por dinheiro.
  O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século V, que relatam à existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.

  Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com até sete (7) anos, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade.

  Entre os adeptos da Umbanda, reza a crença de que para cada dois gêmeos que nascem, um terceiro não encarna neste mundo. Mas, embora não apareça de forma física, Doum também é venerado e respeitado como parte da família dos Ibejis, considerado “aquele que não veio”. Por isso, o mito de Doum também serve de consolo quando uma criança morre bebê ou ainda no ventre materno. Nesses casos, a partida é entendida como o retorno de um desses seres divinos ao mundo do qual não conseguiu se despedir. Por serem considerados espíritos infantis, os ibejis são muito confundidos com os erês, que na verdade são espíritos intermediários, mensageiros.

  Existe também a crença popular, de que DOUM era filho de uma empregada da família dos gêmeos, Cosme e Damião e que morreu no dia seguinte ao martírio dos irmãos, e foi levado por eles que o amavam muito. É comum nas estampas de Cosme e Damião se incluir a figura de uma outra criança, que representa Doum.

 Segue, em complemento, a Oração de São Cosme e São Damião, para atender às necessidades dos Irmãos que neles depositam sua fé.

ORAÇÃO A SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

Amados São Cosme e São Damião,
Em nome do Todo-Poderoso
Eu busco em vós a bênção e o amor.
Com a capacidade de renovar e regenerar,
Com o poder de aniquilar qualquer efeito negativo
De causas decorrentes
Do passado e presente.
Imploro pela perfeita reparação
Do meu corpo e
Dos meus filhos
( .............) - nome dos filhos
E de minha família.
Agora e sempre,
Desejando que a luz dos santos gêmeos
Esteja em meu coração!
Vitalize meu lar,
A cada dia,
Trazendo-me paz, saúde e tranquilidade.
Amados São Cosme e Damião,
Eu prometo que,
Alcançando a graça,
Não os esquecerei jamais!
Assim Seja,
Salve São Cosme e Damião,
Amém!


Fonte: www.ordemmisticaderegeneracao.com.br

sábado, 16 de agosto de 2014

Homenagem a Obaluayê





ASÉ ALADÒ ALÁ MORÉRÈ tem a honra de convidar a todos para homenagear o Orixá Obaluayê, no dia 23/08/2014, a partir das 18 horas! 

Esperamos todos lá: Rua Itaguai, 10 – Iguabinha - RJ.

Atotô! - Obaluayê




ObaluaêAbaluaê ou Xapanã é o orixá da varíola e das doenças contagiosas. É ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.


Obaluàyé é um termo iorubá que significa "rei e senhor da terra": Oba (rei) + Aiye (terra). O termo foi aportuguesado para Obaluaê. É conhecido como Xapanã na santería, e como Omolu em sua fase idosa. Obàluáyê, "Rei senhor da Terra", Omolu, "Filho do Senhor",Sakpata, "Dono da Terra" são os nomes dados a Sànpònná (um título ligado a grande calor, o sol - também é conhecido como Babá Igbona = pai da quentura). Outra corrente o define como: ObàluáyêObá - ilu; aiye; rei, dono, senhor da vida na terra; Omolu; Omo-ilu; rei, dono, senhor da vida.

Os orixás Nanã (cujo emblema é o ibiri) e seus filhos Obaluaiyê (cujo emblema é o xaxará) e Oxumaré (cujo emblema é uma cobra) pertencem ao Panteão da Terra. Obaluaye é identificado no jogo do merindilogun pelos odus Irosun, Ossá, Êjilobon e representado materialmente e  imaterial no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba obaluaye.
Obaluaiê ou Omolu (os nomes se referem as fases de idade onde o mesmo deus seria mais jovem ou mais velho), é considerado a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra). A interface pele/ar. No aspecto positivo, ele rege e cura, através da morte e do renascimento.
Omolu é cultuado como o orixá residente no cemitério responsável pela triagem dos mortos. Normalmente, quando um médium ou filho de santo o incorpora no terreiro, tem sua cabeça coberta por um pano da costa em sinal de tradição e respeito, pois o orixá geralmente nunca mostra o rosto em razão de suas feridas, algo que é explicado pela sua mitologia. Os exus que atuam no cemitério lhes devem obediência. A falange mais conhecida é a dos caveiras, empregados diretos do orixá.

Conforme a mitologia Iorubá, Obaluaiê é filho de Nanã (a lama primordial de que foram feitas as cabeças – Ori – humanas) e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nanã seduzira Oxalá, mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Iemanjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré-cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e, tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto, Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça até os pés com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou caminhando pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo, os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento, Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade. E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam entre os homens.

Sua dança, o opanijé (cuja tradução é: "ele mata qualquer um e come"), dança curvado para frente, como que atormentado por dores, e imita seu sofrimento, coceiras e tremores de febre.
Tem, como emblema, o xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra. Na Nigéria, os Owo Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam, no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó (búzios).
A vestimenta é feita de ìko, é uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a palha da costa, elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados à morte e 'o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes: o "filá" e o "azé". A primeira parte, a de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura.
O azé, seu asó-ìko (roupa de palha), é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos. Em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia, vai um xokotô, espécie de calça, também chamado "cauçulu", em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta, acompanham algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte. A palha da costa é mais encontrada no norte do Brasil.
A festa anual é o Olubajé (Comida do rei senhor). São feitas e distribuídas no mínimo nove iguarias da culinária afro brasileira (comida ritual), seus "filhos" devidamente "incorporados" e paramentados oferecem aos convidados e assistentes, em folhas de mamona ilará ou bananeira (aguede), no sentido de prolongar a vida e trazer saúde .
Tido como filho de Nanã, no Brasil, sua origem, forma, nome e culto na África é bastante variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é de conformidade com a região, Obàluáyê/Xapanã em Tapá (nupê) chegando ao território Mahi ao norte do Daomé; Sapata é sua versão fon, trazido pelos nagôs na cidade de Savalu, Benin. Em alguns lugares se misturam, em outros são deuses distintos, confundido até com Nànà Buruku; Omolu em Queto e Abeokuta
Seu parentesco com Oxumaré e Iroko é observado em Queto (vindo de Aise segundo uns e Adja Popo segundo outros), onde pode se ver uma lança (oko Omolu) cravada na terra, esculpida em madeira onde figuram esses três personagens superpostos. Também em Fita, próximo de Pahougnan, território Mahi, onde o rei Oba Sereju recebera o fetiche Moru, três fetiches ao mesmo tempo Moru (Omolu), Dan (Oxumare) e seu filho Loko (Iroko)..

Sete folhas mais usadas para Obaluaiyê

  • Ewé ìgbolé
  • Ewê réré
  • Atorinã
  • Ewê lará
  • Ewê odã
  • Afon
  • Tamandê


No Brasil, é conhecido como Obaluaiyê no candomblé, como Obaluaê na umbanda, como Xapanã no Batuque e como Obaluaiê no Xambá. Seus filhos são sérios, calados, as vezes alegres e ingênuos demais, porém são observadores e espertos. Também seus filhos têm muitos problemas de saúde. É sincretizado como São Roque na forma de Obaluaiyê. Na forma mais velha de Omulu, é sincretizado como São Lázaro.
Seus filhos parecem ter mais idade do que realmente têm por conta da entidade ser mais velha e agem como se tivessem idade avançada. Seus filhos são doces, mas reclamões, rabugentos, um tanto mal-humorados. Quando querem, fazem e ajudam a todos sem exceção. Sofrem com muitos problemas de saúde que se arrastam por anos, geralmente desde criança ou desde o nascimento. São fiéis, dedicados e amigos de verdade. Podem ter premonições e seus filhos tem um pensamento de pessoas maduras, o que os ajuda a não agirem como crianças, ou serem irresponsáveis. Gostam da ordem e disciplina.
Não são pessoas de levar desaforos para casa e nem de falar pelas costas.Odeiam fofocas e vulgaridades do gênero. Os filhos de Obaluayê são irônicos, secos e diretos. Os descendentes desse orixá são muito independentes e têm a necessidade de crescer com suas próprias forças e recursos. Muitas dessas pessoas, devido à influência do seu orixá, que comanda os eguns, podem ter experiências sobrenaturais, como visões, sonhos etc.
Na santería, é cultuado como Babalú Ayé.

  • Dia da semana: segunda-feira
  • Cores: preto, vermelho e branco
  • Símbolo: xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro).
  • Número: 13
  • Comida: pipoca
  • Saudação: Atotô!
  • Odu regente: Odí

domingo, 29 de junho de 2014

Boiadeiros na Umbanda

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda. Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta. Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins. O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.

 

Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, mas também bebem vinho. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo. Em oferendas é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha. No Terreiro os Boiadeiros vêm "descendo em seus aparelhos" como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus. Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos. Nomes de alguns boiadeiros: Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Boiadeiro do Chapadão, etc ... Sua saudação: Getruá Boiadeiro, Xetro Marrumbaxêtro.

 

Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, "o caboclo sertanejo". São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Ao amanhecer o dia, o Boiadeiro arrumava seu cavalo e levava seu gado para o pasto, somente voltava com o cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas tocava seu berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que ficava na janela do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitiam a mistura de empregados com a patroa. É tal e qual se poderia presenciar do homem rude do campo. Durante o dia debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando a boiada, marcando seu gados e território. À noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas muita alegria, nas danças e comemorações. Sofreram preconceitos, como os "sem raça", sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro) e sua língua, entre outras coisas.

 

Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande. O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens. Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores. Os Boiadeiros vêm dentro da linha de Oxossi. Mas também são regidos por Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).

Sobre Nossos Caboclos Boiadeiros

Os Caboclos são entidades fortes, viris. Alguns têm algumas dificuldades de se expressar em nossa língua, sendo normalmente auxiliados pelos cambonos. São sérios, mas gostam de festas e fartura. Gostam de música, cantam toadas que falam em seus bois e suas andanças por essas terras de meu Deus. Os Boiadeiros também são conhecidos como "Encantados",pois segundo algumas lendas, eles não teriam morrido para se espiritualizarem, mas sim se encantados e transformados em entidades especiais.

 

Os Boiadeiros também apresentam bastante diversidade de manifestações. Boiadeiro menino, Boiadeiro da Campina, Boiadeiro Bugre e muitos outros tipos de Boiadeiros, sendo que alguns até trabalham muito próximos aos Exus. Suas cantigas normalmente são muito alegres, tocadas num ritmo gostoso e vibrante. São grandes trabalhadores, e defendem a todos das influências negativas com muita garra e força espiritual. Possuem enorme poder espiritual e grande autoridade sobre os espíritos menos evoluídos, sendo tais espíritos subjugados por eles com muita facilidade. Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções.

 

Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos. Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática dada magia na terra. Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito para diferenciarmos dos caboclos. São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Pretos-velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).

Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações. Esses espíritos atendem aos boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina. Em grande parte, o trabalho dos Boiadeiros é no descarrego e no preparo dos médiuns. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo a portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.

Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e castigam quem prejudica um médium que ele goste. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa. Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Xangô, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo no entanto as características deles.

Dentro dessa linha a diversidade encontra-se na idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como regiões, por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc... Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé.

Texto de: Marco Boeing

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